15 de dezembro de 2010

III Festival Mundial das Artes Negras: Cinema brasileiro no Senegal


Cinema brasileiro é apresentado a partir de hoje, dia 14, em Dacar

O premiado filme Filhas do Vento, do cineasta Joel Zito Araújo, abriu hoje, dia 14, a programação brasileira de cinema na terceira edição do Festival Mundial das Artes Negras, que acontece no Senegal até 31 de dezembro, tendo o Brasil como convidado de honra e homenageado. O longa foi exibido no Place Du Souvenir, espaço com capacidade para 500 pessoas, na capital senegalesa Dacar, que recebe a maior parte da programação do Fesman 2010.

O drama Filhas do Vento, primeiro longa do cineasta, foi lançado em 2005, e, de lá prá cá, cumpriu uma trajetória de prêmios e apresentações em diversas partes do mundo, inclusive em outros países africanos, como Camarões, Moçambique e África do Sul, seja em festivais ou em exibições especiais, inclusive em Dacar, como cita o diretor.

- O que é marcadamente diferente, desta vez, é o festival em si, o seu tamanho, dimensiona Joel Zito.

O Festival Mundial das Artes Negras é tido como o maior encontro de arte e cultura negras do mundo, com produções em 19 linguagens artísticas e campos de conhecimento, como música, teatro, dança, literatura, arquitetura e diversas manifestações populares.

“Ter sido escolhido para participar da programação significa que meu trabalho tem um sentido no cinema afro-brasileiro e no campo da diáspora negra”, contextualiza o cineasta e pesquisador mineiro, também conhecido como documentarista por trabalhos como A Negação do Brasil (2000) e Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado (2009), atualmente em cartaz no Brasil.

Filhas do Vento aborda as relações familiares entre quatro mulheres negras no interior de Minas Gerais, através da redenção amorosa à sombra da herança escravagista e do racismo.

No próximo ano, Joel Zito deve voltar à temática feminina e também à ficção, mas a partir da figura da poderosa rainha N’Zinga Mbandi, monarca de Angola e que entrou para a história pela sua ousadia e rebeldia nas relações com Portugal, entre os séculos 16 e 17, quando o país colonialista consolidava seu poder na região africana e intensificava o tráfico de escravos.

O longa, uma produção entre os governos brasileiro e angolano, deve reforçar uma marca distintiva na obra de Joel Zito: a abordagem da preserça negra na cultura por um viés de ênfase histórico, para, a partir daí, refletir sobre seu simbolismo e legado.

Também em 2011 deve ser lançado seu próximo documentário, ainda sem nome definitivo, que foca nas mudanças no perfil do debate sobre as questões raciais no Brasil, acompanhando as ações do senador Sérgio Paim, do músico Netinho de Paula (que tentou fundar a primeira TV negra do Brasil) e da quilombola Dona Miúda. “Mas agora estou no meu momento África”, brinca o cineasta que, além das visistas constantes a Angola, está coordenando um curso de pós-graduação em cinema no Cabo Verde, o que acabou abreviando sua participação no Fesman.

Joel Zito não vai estar, por exemplo, do colóquio com os outros cineastas brasileiros que mostram filme no festival. No dia 20, Raquel Gerber (autora do documentário Ôrí), Zózimo Bulbul (Renascença Africana) e Jeferson De (Bróder) batem um papo com o público sobre cinema voltado para questões relacionadas à herança africana, fechando a participação do cinema brasileiro no Fesman.

A programação musical, contudo, prossegue até o último dia do festival, com show de Chico César, Lazzo e Ilê Aiyê. Até lá, o Brasil já terá marcado fortemente a sua presença no Festival com nada menos do que cerca de 200 artistas e intectuais.

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